domingo, 22 de setembro de 2019

Quase todo lixo eletrônico do Brasil é descartado de maneira errada

Dezoito meses é o tempo médio de vida de um novo smartphone. Conforme um novo aparelho chega às lojas, outros tantos são aposentados e, assim, o que era um artigo quase fundamental, vira um problema.
O mesmo acontece com computadores, televisões, videogames e câmeras fotográficas: no final, sobram 44,7 milhões de toneladas de lixo eletrônico todo ano, o equivalente a 4,5 mil torres Eiffel.
A estimativa é que, em média, sejam descartados 6,7 quilos de lixo eletrônico para cada habitante do nosso planeta. No Brasil, o problema não é menor. Sétimo maior produtor do mundo, com 1,5 mil toneladas por ano, estima-se que em 2018 cada um de nós jogará fora pelo menos 8,3 quilos de eletrônicos.
Apesar de um estudo com números de 2016 ter demonstrado que o reaproveitamento do material descartado naquele ano poderia render R$ 240 bilhões de reais em todo planeta, apenas 20% do lixo eletrônico do planeta é reciclado. Por aqui, somente 3% são coletados da forma adequada.
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O governo da Noruega explica como consegue dar um destino apropriado para 74% dos equipamentos descartados, mesmo sendo um dos líderes mundiais na produção relativa desse tipo de resíduo, com 27 quilogramas por habitante/ano.
Não existe segredo. Até a metade da década de 1990, 90% do lixo eletrônico era alocado em aterros sanitários, incinerado ou reutilizado sem tratamento, expondo as pessoas aos perigosos produtos químicos.
Isso começou a mudar no final daquela década, quando o governo local começou a implementar regulamentações que obriga a indústria e importadores, maioria por lá, a coletar baterias e eletrônicos velhos dos consumidores que não os querem mais, sem custos.

Para isso, as companhias firmam parcerias com empresas especializadas, que são minuciosamente reguladas e inspecionadas pelo órgão ambiental norueguês. Junto com os municípios, são os responsáveis por instalar pontos de coletas, comunicar à população, cuidar do armazenamento, e encaminhar para a reciclagem.

A ideia é que o ciclo se complete, sendo reaproveitado como matéria-prima seja dentro ou fora do país. “Os resíduos mais perigosos, como mercúrio e chumbo, nós tratamos dentro do país. O que não é, é vendido para todo o mundo”, afirma Ole Thomas Thommesen, conselheiro sênior para Resíduos e Reciclagem na Agência Norueguesa para o Meio Ambiente.

Apesar do sucesso, é importante considerar que toda a Noruega, com seus cinco milhões de habitantes, tem metade da população da cidade de São Paulo. No Brasil a questão é abordada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, considerada uma das mais avançadas do mundo, por se apoiar na responsabilidade compartilhada em que cada um dos envolvidos, do consumidor ao fabricante, são encarregados por uma parte da logística reversa.



Mas falta combinar com todo mundo. Faltam dados sobre origem e destino desses resíduos, tornando difícil o gerenciamento do volume. Do que é coletado, porém, grande parte deste descarte é feito em armazéns e locais sem o devido licenciamento ambiental, ignorando as necessárias medidas para reduzir os riscos de contaminação ambiental.
Thommesen reconhece que em seu país é bem mais fácil aplicar tal política pois, segundo ele, a corrupção é baixa e é fácil para o governo impor regulamentações. “Mas não é impossível fazer nos outros países, só precisa conseguir forçar as companhias a fazerem o que devem fazer”, diz. “As empresas não querem fazer, por que isso custa dinheiro, então você tem que encontrar meios para isso. Essa é a parte mais difícil.”
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domingo, 15 de setembro de 2019

Economia de energia é fundamental para se ter um data center sustentável

A máxima segundo a qual por trás de uma grande empresa existe sempre um data center bem estruturado e com tecnologias de ponta procede. Mas é preciso também pensar na infraestrutura que esse espaço necessita, como a climatização para que os servidores não superaqueçam e possam rodar na mais perfeita ordem. Garantir a funcionalidade dos equipamentos de forma correta aumenta a confiabilidade, segurança e eficiência do sistema e ainda contribui para evitar falhas de hardware, muito comuns quando ocorre o superaquecimento.

O único problema é que o tipo de climatização necessária dentro do data center consome muita energia. Por isso já existem muitos conceitos sobre o impacto do data center no meio ambiente, desde o lixo eletrônico, consumo exacerbado de energia elétrica, consumo de água por parte do ar-condicionado e por aí vai.

Segundo o Greenpeace, os data centers e os equipamentos de computação em geral consomem 1,5% da energia global e emitem cerca de 2% dos gases do efeito estufa. Levando isso em conta, é mais do que necessário considerar a preservação do meio ambiente dentro do data center.

Os custos de energia e climatização representam cerca de 45% do total de consumo de energia de um data center. Como o custo da energia está alto, manter um sistema antigo pode ser desfavorável para uma empresa. Existem diversas soluções disponíveis no mercado para adequar a companhia em um modelo de data center sustentável.

Utilizar energia somente a partir de fontes renováveis é uma das soluções, além de assegurar tempo operacional e acessibilidade; maximizar o consumo de energia; planejar e otimizar as operações e possibilitar o gerenciamento eficaz dos racks e CPUs.
São soluções simples e possíveis de se implementar. É importante frisar que a sustentabilidade é transversal e deve ser natural. Tudo o que melhora a eficiência do sistema de consumo de energia é sustentável e, portanto, vale a pena investir para depois economizar!

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Fonte: https://computerworld.com.br/2017/04/04/economia-de-energia-e-fundamental-para-se-ter-um-data-center-sustentavel/


sábado, 7 de setembro de 2019

Fairphone: um caso de ética e sustentabilidade ambiental na TI


"Eu não preciso do melhor celular do mundo; 
eu preciso do melhor do mundo em meu celular."
(Eva Gouwens - Fairphone CEO)

Saudações Ecológicas!

Se você conferiu a última postagem deste blog (https://tiverdeifs.blogspot.com/2019/09/guia-de-eletronicos-verdes.html) deve ter notado que, em primeiro lugar no Guia de Eletrônicos Verdes do Greenpeace, está a Fairphone.

E aí, você se pergunta: "tá...mas o que é a Fairphone? Eu nunca ouvi falar nesta empresa!".

É, eu também não. Mas tão logo eu a descobri no Guia, fui buscar mais informações sobre.

A Fairphone é uma empresa holandesa fundada em 2013 com o objetivo de elaborar "o primeiro smartphone ecorresponsável do mundo". O aparelho tornou-se célebre na Europa graças à sua cadeia produtiva que prima pela ética e pela sustentabilidade ambiental.



Sua primeira versão foi lançada em 2014 e a segunda no final de 2015. Até então, a empresa tinha vendido cerca de 100 mil exemplares. 

Em 2017 o projeto foi subitamente encerrado por falta de verba mas, em agosto de 2019, voltou a todo vapor, lançando sua terceira geração. 

O visual do aparelho é simples. Não ter uma "tela infinita" e possuir bordas relativamente grossas não são problemas para a empresa, uma vez que sua proposta não contempla designs inovadores. A preocupação da Fairphone é, como o próprio nome indica, ser justo tanto socialmente quanto ambientalmente. 

E por que o Fairphone se autointitula como ecorresponsável? Consegui identificar, ao menos, sete razões:

1) Modularidade: a Fairphone produz smartphones em sete módulos, o que facilita sua desmontagem e reparação rápida, diminuindo a necessidade de trocar o aparelho inteiro caso alguma peça específica pare de funcionar. A ideia é reduzir a quantidade de lixo eletrônico proveniente da troca contínua de aparelhos celulares.


2) Não utilização de minérios provenientes de zonas de conflito: estanho, tungstênio, tântalo e ouro. A origem desses minérios é, em boa parte, oriunda de minas que financiam conflitos, escravidão, trabalho infantil ou grupos armados, principalmente em países da África Central (veja imagem abaixo), como Congo, Ruanda e Angola. A Fairphone procura reconectar a cadeia de suprimentos, ou seja, buscar novas fontes destes minérios fora de regiões hostis, evitando o patrocínio indireto desses conflitos.

3) Caminho inverso à obsolescência programada: os produtos eletrônicos costumam ser concebidos com uma duração pré-definida. De acordo com Ricardo Mansur, especialista em governança de TI Verde, um aparelho de TI é elaborado para durar, em média, 5 anos. Somado a isso, a tendência ao consumismo induz às pessoas a quererem possuir sempre as últimas versões dos aparelhos de TI mesmo que os seus atuais estejam em boas condições. A Fairphone acredita em um mercado de celulares mais duradouros e resistentes, de modo que seus usuários possam permanecer mais tempo com seus aparelhos em uso, visando diminuir a frequência de descartes. Essa medida vai de encontro a gigantes como a Apple e a Samsung que costumam lançar mais de um aparelho por ano. A Fairphone luta contra isso e busca produzir aparelhos celulares que durem mais do que a supracitada média indicada por Mansur. De acordo com a empresa, seus smartphones possuem uma vida útil entre 8 e 10 anos.


4) Preocupação com o gasto de energia elétrica: como já salientado na postagem do dia 17 de agosto de 2019 (https://tiverdeifs.blogspot.com/2019/08/a-tecnologia-e-os-dilemas-do-consumo-de.html), uma das principais preocupações hodiernas das empresas de TI é o gasto com energia elétrica. A tendência é que em 2020, o consumo de energia elétrica aumente em até 60% do que era consumido em 2007. As empresas de TI já são responsáveis por 3,7% do dióxido de carbono emitido anualmente na atmosfera, correspondendo a cerca de 830 milhões de toneladas deste gás. Nesse sentido, os aparelhos da Fairphone são projetados para possuírem baterias duráveis com até dois dias e meio de pleno funcionamento sem necessidade de recarga. Esse período pode ser ainda maior caso o smartphone não seja utilizado constantemente. 

5) Utilização de materiais reciclados: um dos principais pilares da sustentabilidade ambiental é a reciclagem de materiais. A Fairphone segue-o e utiliza-se de materiais reciclados em seus componentes, principalmente o plástico e o cobre. 

6) Incentivo à logística reversa: a Fairphone incentiva que o usuário entregue o aparelho antigo na compra de um novo para que a maior parte das peças possa ser reaproveitada. Este processo é chamado de trade-in. A empresa ainda afirma que os clientes que compraram produtos anteriores e reciclaram algumas de suas peças, poderão adquirir a terceira versão com desconto.

7) Condições justas de trabalho: um dos grandes autores da temática da sustentabilidade é John Elkington. Ele afirma que a sustentabilidade se dá na interseção de três vertentes: a qualidade ambiental; o desenvolvimento econômico; e a justiça social. Esta última também é atendida pela Fairphone. Dentro de seu processo produtivo, a empresa busca fornecer condições laborais justas para a força de trabalho ao longo da cadeia produtiva. O cuidado com a saúde e a segurança bem como o pagamento justo aos seus funcionários são, segundo estes, exemplares.

Atualmente, os smartphones da Fairphone são vendidos exclusivamente pelo site da empresa (https://www.fairphone.com/en/) por € 450 (cerca de R$2.000,00). Infelizmente, apenas algumas regiões da Europa estão sendo contempladas com as vendas, não havendo, ainda, a possibilidade de envio do aparelho para o Brasil.


Quer saber mais? Confira!












terça-feira, 3 de setembro de 2019

Guia de Eletrônicos Verdes


Saudações Ecológicas!

De 2006 a 2012, o Greenpeace (www.greenpeace.org) publicou periodicamente o Guide to Greener Electronics ou Guia de Eletrônicos Verdes. Sua ideia era de divulgar um tabela conceitual de empresas de Tecnologia da Informação que seguiam ou não alguns critérios sustentáveis básicos na produção, uso e descarte dos seus equipamentos. Objetivo? Conscientizar tanto as próprias empresas como os seus clientes. Ou seja: TI Verde pura!
Em 2017, o grupo voltou a publicar o Guia. Nos resultados finais, "F" indica menor nível de sustentabilidade e "A" maior nível de sustentabilidade.

Os critérios utilizados foram o seguintes:

Energia: Redução da emissão de gases de efeito estufa mediante eficiência energética e uso de fontes renováveis;
Consumo de recursos: Design sustentável e uso de materiais recicláveis;
Produtos químicos: Eliminação de substâncias químicas perigosas tanto do próprio produto quanto da fabricação deste.


Eis o resultado!