"Eu não preciso do melhor celular do mundo;
eu preciso do melhor do mundo em meu celular."
(Eva Gouwens - Fairphone CEO)
Saudações Ecológicas!
Se você conferiu a última postagem deste blog (https://tiverdeifs.blogspot.com/2019/09/guia-de-eletronicos-verdes.html) deve ter notado que, em primeiro lugar no Guia de Eletrônicos Verdes do Greenpeace, está a Fairphone.
E aí, você se pergunta: "tá...mas o que é a Fairphone? Eu nunca ouvi falar nesta empresa!".
É, eu também não. Mas tão logo eu a descobri no Guia, fui buscar mais informações sobre.
A Fairphone é uma empresa holandesa fundada em 2013 com o objetivo de elaborar "o primeiro smartphone ecorresponsável do mundo". O aparelho tornou-se célebre na Europa graças à sua cadeia produtiva que prima pela ética e pela sustentabilidade ambiental.
Sua primeira versão foi lançada em 2014 e a segunda no final de 2015. Até então, a empresa tinha vendido cerca de 100 mil exemplares.
Em 2017 o projeto foi subitamente encerrado por falta de verba mas, em agosto de 2019, voltou a todo vapor, lançando sua terceira geração.
O visual do aparelho é simples. Não ter uma "tela infinita" e possuir bordas relativamente grossas não são problemas para a empresa, uma vez que sua proposta não contempla designs inovadores. A preocupação da Fairphone é, como o próprio nome indica, ser justo tanto socialmente quanto ambientalmente.
E por que o Fairphone se autointitula como ecorresponsável? Consegui identificar, ao menos, sete razões:
1) Modularidade: a Fairphone produz smartphones em sete módulos, o que facilita sua desmontagem e reparação rápida, diminuindo a necessidade de trocar o aparelho inteiro caso alguma peça específica pare de funcionar. A ideia é reduzir a quantidade de lixo eletrônico proveniente da troca contínua de aparelhos celulares.
2) Não utilização de minérios provenientes de zonas de conflito: estanho, tungstênio, tântalo e ouro. A origem desses minérios é, em boa parte, oriunda de minas que financiam conflitos, escravidão, trabalho infantil ou grupos armados, principalmente em países da África Central (veja imagem abaixo), como Congo, Ruanda e Angola. A Fairphone procura reconectar a cadeia de suprimentos, ou seja, buscar novas fontes destes minérios fora de regiões hostis, evitando o patrocínio indireto desses conflitos.
3) Caminho inverso à obsolescência programada: os produtos eletrônicos costumam ser concebidos com uma duração pré-definida. De acordo com Ricardo Mansur, especialista em governança de TI Verde, um aparelho de TI é elaborado para durar, em média, 5 anos. Somado a isso, a tendência ao consumismo induz às pessoas a quererem possuir sempre as últimas versões dos aparelhos de TI mesmo que os seus atuais estejam em boas condições. A Fairphone acredita em um mercado de celulares mais duradouros e resistentes, de modo que seus usuários possam permanecer mais tempo com seus aparelhos em uso, visando diminuir a frequência de descartes. Essa medida vai de encontro a gigantes como a Apple e a Samsung que costumam lançar mais de um aparelho por ano. A Fairphone luta contra isso e busca produzir aparelhos celulares que durem mais do que a supracitada média indicada por Mansur. De acordo com a empresa, seus smartphones possuem uma vida útil entre 8 e 10 anos.
4) Preocupação com o gasto de energia elétrica: como já salientado na postagem do dia 17 de agosto de 2019 (https://tiverdeifs.blogspot.com/2019/08/a-tecnologia-e-os-dilemas-do-consumo-de.html), uma das principais preocupações hodiernas das empresas de TI é o gasto com energia elétrica. A tendência é que em 2020, o consumo de energia elétrica aumente em até 60% do que era consumido em 2007. As empresas de TI já são responsáveis por 3,7% do dióxido de carbono emitido anualmente na atmosfera, correspondendo a cerca de 830 milhões de toneladas deste gás. Nesse sentido, os aparelhos da Fairphone são projetados para possuírem baterias duráveis com até dois dias e meio de pleno funcionamento sem necessidade de recarga. Esse período pode ser ainda maior caso o smartphone não seja utilizado constantemente.
5) Utilização de materiais reciclados: um dos principais pilares da sustentabilidade ambiental é a reciclagem de materiais. A Fairphone segue-o e utiliza-se de materiais reciclados em seus componentes, principalmente o plástico e o cobre.
6) Incentivo à logística reversa: a Fairphone incentiva que o usuário entregue o aparelho antigo na compra de um novo para que a maior parte das peças possa ser reaproveitada. Este processo é chamado de trade-in. A empresa ainda afirma que os clientes que compraram produtos anteriores e reciclaram algumas de suas peças, poderão adquirir a terceira versão com desconto.
7) Condições justas de trabalho: um dos grandes autores da temática da sustentabilidade é John Elkington. Ele afirma que a sustentabilidade se dá na interseção de três vertentes: a qualidade ambiental; o desenvolvimento econômico; e a justiça social. Esta última também é atendida pela Fairphone. Dentro de seu processo produtivo, a empresa busca fornecer condições laborais justas para a força de trabalho ao longo da cadeia produtiva. O cuidado com a saúde e a segurança bem como o pagamento justo aos seus funcionários são, segundo estes, exemplares.
Atualmente, os smartphones da Fairphone são vendidos exclusivamente pelo site da empresa (https://www.fairphone.com/en/) por € 450 (cerca de R$2.000,00). Infelizmente, apenas algumas regiões da Europa estão sendo contempladas com as vendas, não havendo, ainda, a possibilidade de envio do aparelho para o Brasil.
Quer saber mais? Confira!
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